Não vem pro meu lado com essa pergunta e expressão sedenta por respostas infelizes. Sem essa de querer me dizer o que há ou como as coisas são. Deixa-me ser sozinho sem ter de enfrentar suas suposições e julgamentos, deixa-me estar comigo mesmo sem essa cobrança que vocês inventaram. Porque hoje quero ser meu, quero a cerveja só pra mim, as sensações todas minhas, a companhia individual. Não quero enfrentar a expressão meio sarcástica do garçom que me pergunta se vai ser só um copo mesmo, tampouco olhares curiosos inventando para mim a solidão, a decepção amorosa, a ruína da vida social e outras coisas assim. Eu me suporto, o silêncio não me atormenta e eu me acompanho bem; hoje é assim que vai ser. Pelo meu direito à liberdade, à individualidade necessária: estou eu.
Cansada da tristeza em todo lugar a menina abriu as asase voou sem saber voar.
Queria e quero — ainda. Voar junto com alguém, não sozinho. Mas todos me parecem tão fracos, tão assustados e incapazes de ir muito longe. Talvez eu me engane, e minhas asas sejam bem mais frágeis que meu ímpeto. Mas se forem como imagino, talvez esteja fadado à solidão.